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domingo, 7 de dezembro de 2008

Comecemos pelo principio

Uff ... É difícil começar a escrever um livro. Bem, eu teria de me apresentar. Antes de dizer meu nome eu vou dizer quem sou. Ou quem não sou melhor: não sou normal. Eu não sou uma mulher a quem as coisas estavam difíceis na vida, nunca sofri problemas de dinheiro, nem problemas de divórcio dos pais ou problemas escolares, digamos que sempre tive uma vida suficientemente calma como para entediar-me até limites insuspeitos...

Isso não significa que tenha tido uma vida perfeita: muito pelo contrário, creio que tanto aborrecimento e, tanto "não passar laranja" levaram-me a angústias por coisa alguma. Bem, eu teria de ter um par de conversações com o Nestor que é quem realmente sabe de que cor é o repolho.

O problema é que ao invés de brincar com Barbies leio contos. Infantis e nem tanto. Lembro-me de tomar os livros que meus pais deixavam esquecidos em cima de mesas ou pianos. Mas sobre todas as coisas: eu não tinha amigas. Literalmente e eu não estou
exagerando, não tinha uma amiga. Sempre fui demasiado boa, creio que foi esse o meu problema. O que diziam de mim me afetava absolutamente demasiado e, sejamos sinceros, os comentários das crianças podem ser muito destrutivos. Principalmente se você tem doze anos e pesa 64 kg.

Sim. 64 kg. Media pouco mais que um anão e pesava mais que o meu pai. Era escandalosamente gorda. Abominável. Bom, nem tanto, mas era essa a imagem pensava EU que os DEMAIS tinham de mim. Até há pouco tempo eu achava que minha imagem pessoal era boa, que minha auto-estima era elevada e baseava-se em limites corretos e esperados. Mas depois de dei conta de que não era que não tinha amigas por que era gorda: e sim que era gorda por que não tinha amigas. Espero que se entenda. É dizer, não gosto de explicar muito. Sou mais de dizer e esperar que se entenda, mas como recém estamos começando, prefiro explicar, só pelas duvidas. Na realidade eu não me via mal, mas me sentia mal então tudo o que fazia era COMER. Minhas companheiras do colégio pulavam corda e eu comia, meus companheiros jogavam futebol e eu comia, eles eram alunos perfeitos e eu comia. Enquanto eles colhiam flores eu me apaixonava estupidamente por Frederico Rodríguez. Um companheiro com óculos que nunca ia me dar bola. Simplesmente porque pesava 64 kg e seriamente: porque era rara. E sim. Era a preferida dos professores, nunca faltava as aulas, passava os recreios caminhando sozinha pelo colégio sem emitir palavras e tocava piano como os deuses.

Uma garota que cresceu lendo Bécquer enquanto suas companheiras brincavam de ver quem pintava os lábios da cor mais bonita, não é normal. E nunca convidei uma amiga a minha casa, nunca, nunca, nunca. Nunca me chamaram por telefone (talvez dai minha quase-fobia telefônica). Mas não é exagero. Creio que nem eu sabia o meu telefone de memória. Bom, era rara, simplesmente, cruelmente rara. Não somente porque não tinha os mesmos hábitos que todas as demais, porém era bastante complexada graças aos meus pais e companheirinhos do colégio.

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