CLICK HERE FOR BLOGGER TEMPLATES AND MYSPACE LAYOUTS »

domingo, 7 de dezembro de 2008

Everybody Changes

Sim, esse é meu nome. Cielo. Pouco comum, mas claro: não podia chamar-me de outra maneira. Era previsível que meu nome não podia ser comum, tinha que ser especial. Às vezes me pergunto se me castigaram por toda minha vida meus pais ao dar-me esse nome. Talvez se me houvesse chamado Florência ou Marta não me houvesse sucedido metade das coisas que me ocorreu viver, sofrer, negar, experimentar, etc. Assim que meu nome é especial, como eu (segundo meus pais). Sim, agora tenho amigas (e das melhores), mas elas não acreditam que seja especial, simplesmente que estou louca. "Uma louca linda" como está na moda catalogar os retorcidos mentais para que não se violentem. E não é que eu acredite que sou uma retorcida. Sim, para dizer a verdade creio que sou uma retorcida, porém concordo com minhas amigas: não posso causar dano a nada. Somente a mim mesma ou a outros por intermédio de mim. Chego a uma época em minha vida quando em vês de irritar-me com alguém que me castigava a mim mesma para afetar esse outro alguém. Mas isso vem mais tarde. Suponho que ainda é cedo.

Depois das experiências do meu primeiro colégio meus pais decidiram mandar-me a outro. O segundo colégio que fui parecia muito mais com um colégio normal que o anterior. Os alunos levavam guardanapos brancos e se sentavam nos famosos "bancos" ou "carteiras" dos que tanto havia ouvido falar, mas nunca havia visto. Vale dizer que no Pedagógico (meu primeiro colégio) nos sentávamos em almofadas e em posição "chinesa" fazendo uma roda. Escrevíamos no piso e não tínhamos pertences. Era o comunismo fazendo colégio. Nunca se sabia se seu companheiro tinha prata ou não porque não o vias vestido de nenhuma maneira. Usávamos "pintores": uma sorte de guarda-pó, mas que te mandavam fazer (a sua mãe, claro) do qual podia escolher o estampado ou o escocês que queria levar todo o ano. Uma porcaria. Como dizia, nem sequer nos deixavam levar pulseiras ou relógios. "Nem todos os meninos podem comprar relógios ou pulseiras assim que nenhuns de vocês devem trazê-los ao colégio". Essa foi a maneira que encontraram as professoras de apropriar-se de pulseirinhas ou relógios que viam brilhando no recreio. Ficavam com tudo (suponho que como "castigo por haver quebrado as regras"). Uma palhaçada, como tudo desse colégio. Não usávamos porta-úteis ou cartucheiras, simplesmente havia uma caixa de madeira com lápis com o nome de cada aluno. E quatro borrachas de apagar. Tampouco havia lapiseiras, nem exames, nem boletins, nem nada. Era absolutamente qualquer coisa. E a mim me incomodava minha prima que se encontrava sempre com a borracha de apagar na mão. Sobretudo porque eu era basicamente ruim em matemática e tinha que apagar todo o tempo. Nunca me agradou isso de comunismo. Tudo para todos? Sempre há algum vivo que se aproveita do que é de todos. Melhor comprar minha própria borracha e problema resolvido. Nunca o fiz, agora que o menciono. Porque nunca quebrava as malditas regras do colégio. E nunca faltava, porque minha mãe não me deixava e mais porque quando faltava no colégio me aborrecia. Claro: não tinha amigas, o que ia fazer em minha casa todo o dia? Comer e ver televisão, que pergunta!

Então me tiraram desse colégio onde me fizeram ler "O clã do osso cavernoso" aos dez anos (tem partes suficientemente acima do tom para considerar-las material inapropriado para alunos de dez anos) e me trocaram a Estrada. Um colégio 'normal', com companheiros normais e até talvez mais cruéis que os do Pedagógico. Porque pior que falem mal de um é que nem sequer o olhem ou notem sua presença. Em isso me converti: em a gorda que vai ao colégio privado e chato da cidade. Isso presumia:

a) que não ia ter amigas ou

b) que minhas amigas iam ser tão fracassadas ou mais que eu


Nenhuma das opções de parecia viável, pois simplesmente cai nesse colégio desprevenido. Ah, agora que recordo: Rocío. Nunca odiaram e admiraram alguém alguma vez? Sim, provavelmente seus pais, mas me refiro a um par: um companheiro de colégio, de trabalho, de algo. A mim se passou, mais de uma vez e é o momento de falar de Rocío e mais indiretamente de minha mãe.

Minha mãe sempre quis que eu fosse um dez. Quer dizer, um pau e um zero ao lado. Sempre fui um zero, bem redondo e gordo... E tempos depois me informei da existência de "os dez". Uma amiga de meus pais que eram dez. Eram cinco, mas os escutavas falar de suas habilidades e me sentia miserável em menos de duas palavras. Jogavam tênis, golfe, basquete, nadavam, eram perfeitos alunos, arquitetos, falavam perfeitíssimo inglês, faziam viagens por todo o mundo, eram extremamente independentes não só economicamente, mas sim em todo sentido da palavra. Eram 10. Assim de fácil.

Tive a maldita sorte de que a amiga de mamãe tinha uma filha de minha idade, porém abismadamente diferente. Rocío. Ela não tocava piano, mas fazia todos os demais, imaginem qualquer coisa possível: Rocío o fazia. O quadro se complicou um pouco quando comecei a escutar mamãe dizendo periodicamente que algum filho perfeito de sua amiga havia recebido algum estúpido premio. Basicamente comecei a irritar-me a repetição em serie de comentários edulcorados fazia Rocío, ou qualquer se seus familiares. Como ela estudava inglês, minha mãe me mandou estudar inglês. Como ela dançava danças contemporâneas eu comecei a fazer-lo. E assim seguia como um detetive frustrado as pegadas de Rocío. O melhor: cumpria os caprichos de minha mãe. Talvez mamãe pensasse que ia parecer sua amiga se eu parecesse sua filha. Não sei.

Graças a Rocío minhas habilidades eram inumeráveis: natação, danças de todo tipo, patinete artístico! Destreza, patinagem no gelo, estudante de inglês... argh... Era um xérox vulgar de minha amiga e companheira de colégio: porque mamãe me levou a Estrada porque Rocío ia a Estrada.

E ai queria chegar. Ah, esqueci de dizer que enquanto eu pesava 64, Rocío pesava 39. Mas claro "tem contexturas diferentes". Se a viram (a sigo vendo) saberiam do que estou falando. Tem o corpo que toda mulher quer, acredito. Dura e branca e com uma cara preciosa e fraca e asquerosamente perfeita. E é boa menina. para odiar-la, não? Enfim.

Assim que comecei na Estrada. O primeiro dia de aula de guarda-pó branco e cartucheira própria haviam chegado. E fui um fiasco. Compartilhavam-se os bancos e não tinha com quem sentar-me. Rocío me havia deixado absolutamente sozinha e claro, eu também havia me deixado sozinha. Mas não voltei chorando para casa, estava mais que acostumada a solidão... e de fato a desfrutava. Nunca havia tido amigas, não porque me custava relacionar-me, e sim porque não sabia o que significava isso nem como fazer-lo. Não se pode estranhar algo que nunca de teve eu jamais havia tido amigas nem relações de nenhum tipo com meninos/as de minha idade. Assim que simplesmente me sentia em uma obra de teatro onde os atores eram os mesmos e as situações similares; onde o unico que mudava era o decorado. Em vez de sentar-me em almofadas agora me doia a bunda cotra um acentp e apoiava minha carteira em um banco cheio de frases escritas com liquid-paper. E agora em vez de cortar mato num enorme bosque do Pedagógico tinha que contar lajotas em um típico pátio de dois por três metros quadrados. Uma delicia.

Mas à medida que passou o tempo fui-me acostumando ao 'normal' e comecei a desprezar o 'especial' que antes apreciava tanto. Comecei a ter tarefa, deveres, professoras como na televisão, companheiros de guarda-pós brancos, recreio com campanhia e até um quiosque. Coisas que até esse momento eram impensáveis para mim dentro de um colégio.

E ainda que muitas coisas houvessem mudado ao meu redor, eu seguia sendo a mesma. A gorda, ainda que esta vez não fosse à única. Eu era a única nova. Assim que comecei a me juntar com um bando de fracassadas, essas que não tinham amigas (justo como eu).

Corria 1997 e meu telefone começava a tocar. Em vez de ler livros por prazer começava a fazer-lo por dever. As coisas seguiam mudando e eu estava mudando. De repente a solitária pessoa que eu era foi desaparecendo e apareceu o vestígio do que sou hoje, mas uma versão extragrande. A personalidade estava-se forjando, mas, todavia dava um grande trabalho para a construção da serpente em que me converti.

0 comentários: